A poucos dias do início da Cimeira da NATO em Lisboa, o Projecto Público foi visitar a localidade de Amoreira Cimeira, aldeia do Concelho de Pampilhosa da Serra, Distrito de Coimbra. No interior de Portugal, o PP foi descobrir o que pensam os habitantes sobre a Cimeira, a de Lisboa.
"Segue por esta estrada e depois há-de encontrar uma placa a dizer Portela do Fôjo. Logo a seguir está a Igreja e a Junta de Freguesia, mesmo à beira da estrada. Corta à esquerda e depois está na Amoreira". Assim fizemos e sem darmos por isso estávamos a passar junto àquilo a que se pode chamar centro da aldeia, local onde se congregavam algumas pessoas em conversa. Sem sabermos, estávamos a parar junto ao minimercado "do Henrique", jovem presidente da Junta de Freguesia de Portela do Fôjo, a qual agrega a aldeia de Amoreira Cimeira.
"Da Cimeira da NATO? Sabemos pouco. Só o que ouvimos nas notícias, de que há muita polícia e trânsito" - diz um dos habitantes. O presidente da junta tenta acrescentar algo à conversa dizendo que "vêm os chefes de estado de vários países membros da NATO. Dizem que é uma Cimeira importante para o futuro do planeta".
E a vossa Cimeira. É importante? Todos riem.
"Aqui raramente usamos a palavra Cimeira. Só na correspondência para o carteiro distinguir se as cartas que trás são para a parte alta ou baixa da aldeia. Amoreira Cimeira e Amoreira Fundeira".
Ti Aurélio, o habitante mais velho da Aldeia de Amoreira Cimeira |
"Gasta-se muito dinheiro nessas coisas. Em Lisboa deveria poupar-se mais. Quando se puxa demasiado o lençol para tapar a cabeça, os pés quase sempre ficam descalços. Nós aqui temos outros problemas, outras inquietações. Se nos ajudassem a nós em vez dos estrangeiros..."
Despedimo-nos da pacata aldeia, virando costas a um Portugal distante da Cimeira da NATO. São diferentes as realidades deste país, cujas cidades estão separadas por muito poucos quilómetros, mas por muito diferentes realidades.
Duas Cimeiras: realidades e problemáticas diferentes.
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