quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cimeira

A poucos dias do início da Cimeira da NATO em Lisboa, o Projecto Público foi visitar a localidade de Amoreira Cimeira, aldeia do Concelho de Pampilhosa da Serra, Distrito de Coimbra. No interior de Portugal, o PP foi descobrir o que pensam os habitantes sobre a Cimeira, a de Lisboa. 


"Segue por esta estrada e depois há-de encontrar uma placa a dizer Portela do Fôjo. Logo a seguir está a Igreja e a Junta de Freguesia, mesmo à beira da estrada. Corta à esquerda e depois está na Amoreira".  Assim fizemos e sem darmos por isso estávamos a passar junto àquilo a que se pode chamar centro da aldeia, local onde se congregavam algumas pessoas em conversa. Sem sabermos, estávamos a parar junto ao minimercado "do Henrique", jovem presidente da Junta de Freguesia de Portela do Fôjo, a qual agrega a aldeia de Amoreira Cimeira. 

"Da Cimeira da NATO? Sabemos pouco. Só o que ouvimos nas notícias, de que há muita polícia e trânsito" - diz um dos habitantes. O presidente da junta tenta acrescentar algo à conversa dizendo que "vêm os chefes de estado de vários países membros da NATO. Dizem que é uma Cimeira importante para o futuro do planeta". 

E a vossa Cimeira. É importante? Todos riem. 

"Aqui raramente usamos a palavra Cimeira. Só na correspondência para o carteiro distinguir se as cartas que trás são para a parte alta ou baixa da aldeia. Amoreira Cimeira e Amoreira Fundeira". 

Ti Aurélio, o habitante mais
velho da Aldeia de
Amoreira Cimeira
Concorda com a realização da Cimeira em Portugal? Havemos de perguntar mais tarde ao ancião da localidade. 

"Gasta-se muito dinheiro nessas coisas. Em Lisboa deveria poupar-se mais. Quando se puxa demasiado o lençol para tapar a cabeça, os pés quase sempre ficam descalços. Nós aqui temos outros problemas, outras inquietações. Se nos ajudassem a nós em vez dos estrangeiros..." 

Despedimo-nos da pacata aldeia, virando costas a um Portugal distante da Cimeira da NATO. São diferentes as realidades deste país, cujas cidades estão separadas por muito poucos quilómetros, mas por muito diferentes realidades. 

Duas Cimeiras: realidades e problemáticas diferentes.